Num misto de prazer sensorial e benefícios à saúde, a Capsaicina é a responsável pela sensação de queimação e ardor das pimentas, que nós, amantes de picância tanto apreciamos. E o mais interessante sobre ela é este incrível flerte com a dor.
Mas, se a Capsaicina gera essa sensação de queimadura em qualquer tecido com que entre em contato, por que ela é tão atrativa para nós?
Pra falar sobre ela, precisamos falar sobre dor. Mas mais do que dor, sobre prazer!
Nós bem sabemos que a linha que divide a dor e o prazer, por vezes, é muito tênue. Sentimos algum nível de dor na corrida, na musculação, no sexo, na tatuagem. Mesmo assim, contiuamos a repetir essas ações e recebemos a dor com positividade, como um trófeu, de forma prazerosa.
É engraçado! Ao escrever sobre isso é inevitável que eu lembre da minha mãe! Pois é, sempre que a minha mãe sofre uma contusão e fica com aquele mega roxo no braço ou na perna, em algum momento do processo de cicatrização, ela aperta o roxo e diz "ai, que dor gostosa!", e solta uma gargalhada.
Todos nós sentimos isso em certa medida. Já na infância, ao trocar a dentição, quando o dente estava molinho e ficavámos repetidamente o cutucando com a língua, pra sentir aquela dorzinha. Eu sei... já faz tempo! Mas eu ainda consigo lembrar daquela "dor gostosa" bem específica, e você?
Isto acontece por que a ligação entre dor e prazer é biológica. Toda dor libera edorfinas do sistema nervoso central, um narcótico natural. Ela alia-se a receptores opioides no cérebro para impedir a transmissão dos sinais de dor, e ao mesmo tempo estimula as regiões límbica e pré-frontal do cérebro - as mesmas ativadas pela paixão e pela música. Drogas como a morfina e a heroína também atuam nos receptores opioides.
Há também um salto na produção de adrenalina, que contribui para a excitação através do aumento nos batimentos cardíacos. E da produção de anandamina, o "químico da felicidade", um analgésico natural que inibe a dor e também causa sensação de prazer.
Até aí, tudo bem... endorfina, adrenalina, são termos que já estamos familiarizados.
Mas como a Capsaicina gera essa sensação tão intensa de calor?
Aqui entra o TRPV1, um receptor da nossa língua sensível à temperatura, responsável pela detecção de estimulos dolorosos, ele alerta nosso corpo para calores que possam ser nocivos, as queimaduras reais. A Capsaicina se associa ao TRPV1, e a mensagem transmitida por este receptor ao cérebro é a mesma que seria emitida se a língua estivesse literalmente pegando fogo.
Nós sabemos que a Capsaicina é inofensiva. Vamos sentir a queimação e sintomas como salivação acentuada, sudorese e vasodilatacão. Enquanto isto, o cérebro vai liberar endorfinas, adrenalina e anandamina para aliviar a dor enquanto lança um combo de sensações prazerosas. No final da experiência, não haverá uma queimadura de 3o grau, compatível com todos aqueles sintomas. O que vai restar é saudade daquela "dor gostosa", e partimos para a próxima garfada!
Fato é que, com todos estes estimulos, quanto mais consusmimos pimenta, mais o corpo vai adiquirindo tolêrancia, e ocorre uma dessensibilização à capsaicina. Uma teoria é de que os neurotransmissores ficam esgotados, e as pessoas respondem de forma menos vigorosa. É como uma droga inofensiva, quanto mais consumimos, mais tolerantes à ela ficamos.
A boa notícia é que na Rigas Spices trabalhamos com uma linha de molhos de pimenta com picâncias que vão de extrasuave a extremamente forte. Assim, agradamos as variadas tolerâncias à capsaicina de cada paladar. Navegue pelo site pra encotrar o molho que vai trazer mais prazer pra você!
Artigo escrito por Thaís Gasperin, sócia-fundadora e mestre pimenteira da Rigas Spices, artista nas horas vagas, graduada em engenharia civil e mestre em engenharia de produção e sistemas.